Um relato em três, parte três: Dai Ji
“Os homens devem moldar seu caminho. A partir do momento em que você vir o caminho em tudo o que fizer, você se tornará o caminho.”
– Miyamoto Musashi
Um dia desses, em uma prática de Chi Sau no Mogun, ouvi que eu deveria “arriscar mais a base”. Não foi a primeira vez que eu ouvi isso (e provavelmente não será a última), mas foi a partir desse dia que eu comecei a pensar em como isso fazia sentido não só dentro da prática como fora dela também, em várias dimensões das relações que eu já construí ao longo da vida.
Voltando à praticar durante a pandemia, no núcleo Ipanema, do Clã Moy Jo Lei Ou. |
Isso porque não só o momento, como também as pessoas que me disseram isso, fizeram com que eu sentisse a profundidade do que aquela simples percepção dizia sobre mim. Eu conheço a minha si jeh Fernanda Lima e meu si hing Heitor Furtado há anos, e por mais que muitas vezes eu prefira manter minha vida pessoal longe da minha identidade secreta de artista marcial, “o corpo não mente”, como a minha si fu, a Mestra Sênior Ursula Lima fala.
O “trio maravilha” se apresentando no Aniversário da nossa Si Fu, após o nosso Baai Si. |
Mesmo fazendo a cerimônia de Baai Si juntos e com isso nos tornando discípulos no mesmo dia, eu, minha si jeh e meu si hing somos pessoas completamente diferentes e com trajetórias distintas que por sorte desaguaram no mesmo ponto, onde seguimos juntos em prol de algo maior do que nós, a nossa Família e o nosso legado, e com isso percebemos coisas uns nos outros que poderiam escapar em outras relações.
Na postagem anterior, eu falei sobre como era difícil pra mim vislumbrar uma relação vitalícia dentro da Família Kung Fu. Hoje, conforme eu amadureço como discípulo da minha Si Fu e com o restante da minha Família, percebo que essa relação é feita dos momentos que a convivência traz, onde posso aprender não só sobre o outro como também sobre mim, se eu estiver pronto para isso...
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