Um relato em três, parte um: Hoc San
“O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia”.
– Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas
Eu tinha 16 anos quando fui pela primeira vez visitar o mogun da Família Moy Lin Mah. Lembro da vontade que eu estava de conhecer aquela arte marcial que eu só tinha visto em prática até então na saga O Grande Mestre, do meu receio de não conseguir convencer meu pai a me deixar começar... e lembro também de ser recebido por quem viria a ser a minha Si Fu, a Mestra Sênior Ursula Lima.
San Toi do primeiro Mogun da Familia Moy Lin Mah. Provavelmente esse é o primeiro registro que eu fiz dentro da vida kung fu! |
E bem, não preciso dizer que meu receio não durou muito, né? Meu pai, outro fã dos filmes que narram (com algumas licenças poéticas) a trajetória do Patriarca Ip Man, se convenceu de que era uma boa ideia me deixar praticar sem eu precisar intervir, algo que só acontecia quando ele se impressionava, o que nunca foi algo habitual pra ele. Veio então o segundo desafio: minha mãe, que só com a minha argumentação de adolescente injustiçado não queria deixar de jeito nenhum, até ir conhecer o mogun e me ligar dizendo que estava pensando em começar também!
Aquela cena que fica na memória de todos que assistem... |
E no mesmo ano eu me tornei parte de algo muito maior do que uma relação entre aluno e professor ou entre uma classe de estudantes. Aquelas pessoas que me ajudavam nas práticas e me ensinavam sobre a rotina do mogun passaram a ser minha Família Kung Fu, e aquela que eu aprendi a admirar em várias de suas dimensões passou a ser minha Si Fu.
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