Um relato em três, parte um: Hoc San

“O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia”. 

– Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas


Eu tinha 16 anos quando fui pela primeira vez visitar o mogun da Família Moy Lin Mah. Lembro da vontade que eu estava de conhecer aquela arte marcial que eu só tinha visto em prática até então na saga O Grande Mestre,  do meu receio de não conseguir convencer meu pai a me deixar começar... e lembro também de ser recebido por quem viria a ser a minha Si Fu, a Mestra Sênior Ursula Lima.

San Toi do primeiro Mogun da Familia Moy Lin Mah.
Provavelmente esse é o primeiro registro que eu fiz dentro da vida kung fu!

E bem, não preciso dizer que meu receio não durou muito, né? Meu pai, outro fã dos filmes que narram (com algumas licenças poéticas) a trajetória do Patriarca Ip Man, se convenceu de que era uma boa ideia me deixar praticar sem eu precisar intervir, algo que só acontecia quando ele se impressionava, o que nunca foi algo habitual pra ele. Veio então o segundo desafio: minha mãe, que só com a minha argumentação de adolescente injustiçado não queria deixar de jeito nenhum, até ir conhecer o mogun e me ligar dizendo que estava pensando em começar também!

Aquela cena que fica na memória de todos que assistem...

Logo eu percebi que essa mudança de atitude deles não era só sobre o ambiente ou sobre a arte marcial que eu procurava. Era principalmente sobre quem apresentou aquilo pra mim e pros meus pais, com uma maestria e sensibilidade que hoje com 6 anos de convivência vejo nos mais simples gestos, mas que é discreta para olhos não treinados. Foi a partir daí que eu passei a ter contato com o que passei a chamar de Kung Fu, tanto indiretamente quanto diretamente através dos meus erros e acertos dentro e fora da prática corporal no que chamamos de Ving Tsun Experience. 

Em 2015, conhecendo o templo Chen Tien na época em que eu iniciava a minha prática de Ving Tsun.

E no mesmo ano eu me tornei parte de algo muito maior do que uma relação entre aluno e professor ou entre uma classe de estudantes. Aquelas pessoas que me ajudavam nas práticas e me ensinavam sobre a rotina do mogun passaram a ser minha Família Kung Fu, e aquela que eu aprendi a admirar em várias de suas dimensões passou a ser minha Si Fu.



Assim relatou Vitor Barros "Moy Wai Hak Do" (梅维克多) , Sétimo
Discípulo de Mestra Sênior Ursula Lima "Moy Lin Mah" e membro
do Conselho de Discípulos da Família Moy Lin Mah  juntamente com 
Rodolpho Alcântara, Helena Carneiro, André Villarreal, Angela Carvalho, Fernanda Lima, Heitor Furtado e Marcus Souza.

Saiba mais em www.mykungfu.com.br


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